Memórias de uma Sociedade - Parte 1 (Encerrado)

Camilly:

*Camilly seguia o capitão, ao ver ele praticamente invadindo o quarto daquela senhora, ela ficava assustada, mas evitava demonstrar qualquer emoção. Ao ver as indagações do capitão e a única resposta daquela senhora de idade, acompanhada de uma agressão. Camilly então se colocava no meio do capitão e daquela senhora, e dizia*

-Pelos céus! O que pensa que está fazendo?

*Ela então se virava para a senhora e encostava no rosto da mesma, analisando a intensidade do tapa e se havia algum ferimento*

-Que diabos de justiça pensa que é esta capitão Joel?

Narrador:

O metal da manopla do capitão bateu contra o rosto da senhora de forma violenta. A bochecha dela ficou inchada e vermelha e um pouco de sangue saiu de sua boca, mas não havia maiores ferimentos. Joel pareceu ficar furioso pela indagação de Camilly e antes que pudesse falar algo, os soldados concluíram a busca e não acharam nada no quarto da senhora. O capitão disse então:

- Vasculhem o próximo quarto. Qualquer pessoa que se opor será presa e levada para a capital por obstrução da justiça. Justiça que está sendo questionada por esta moça aqui. Eu conversarei com ela a sós. Prossigam. Você também, velha.

Os cinco soldados saíram do aposento levando Ingrid com eles, sequer dando tempo para que Camilly pudesse limpar o ferimento ou fazer algum curativo. Fecharam a porta atrás de si, deixando apenas Joel e Camilly no quarto. O capitão então colocou as mãos atrás das costas e se aproximou de Camilly, o rosto bem próximo ao dela, dizendo:

- Eu lhe digo o que estou fazendo, senhorita... Eu estou fazendo a justiça do Império. Eu vou limpar estas comarcas de criminosos, nem que, para isto, inocentes precisem sofrer. Eu não medirei esforços. O que você fará, huh? O que você fará?

O capitão deu alguns passos na direção de Camilly e segurou o rosto dela com a mão envolta de metal e o fez sem nenhuma delicadeza. Disse em seguida:

- Talvez eu devesse olhar por baixo das suas roupas para ver se não está escondendo algum criminoso aí...

Camilly:

*Camilly dava um passo curto para trás que se mostrava inútil. Ela o olhava nos olhos e abria um sorriso discreto e então abaixava o olhar e dizia*

- E quem sou eu para contrariar a sua justiça... Capitão.

*Ela voltava a fita-lo com o olhar, com um movimento delicado ela segurava a mão dele e dizia*

-Você realmente não tem a miníma noção de quem eu sou, não é mesmo? Acho... Que você e Lei Keylosh não conversaram o suficiente!

*Ela então pressionava de leve a mão dele e a mesma começava a aquecer, não bruscamente, mas de uma forma gradativa e lenta*

-Joel, sabe quem eu sou?

Narrador:

Joel não entendeu a implicação de Camilly a princípio, dizendo:

- O comandante Keylosh? Não preciso conversar com ele, eu sou mais do que capaz de...

Ele sentiu a temperatura dentro de sua armadura subir vertiginosamente. Antes que ficasse pior, ele teve reflexo e força suficientes para dar alguns passos para trás e puxar sua mão de volta, livre do agarre de Camilly. Ele olhou assustado para ela, mas logo sua expressão arrogante estava de volta:

- Uma pena. Poderíamos ter nos divertido. Quer dizer... EU poderia ter me divertido. Agora você apodrecerá em uma cela na capital do Império! SOLDADOS! - Gritou Joel.

Imediatamente os outros cinco soldados voltaram àquele quarto e se posicionaram atrás do capitão. Joel disse então:

- Eu a quero viva. Quem der o último golpe poderá se divertir à vontade com ela mais tarde.

Joel usava uma espada longa. Três dos cinco soldados atrás dele também usavam espadas. O quarto soldado segurava uma lança e o quinto soldado girava uma corrente com uma bola de aço espinhuda na ponta. Joel deu a ordem:

- ATAQUEM!! - E os seis oficiais teranianos correram na direção de Camilly. Os primeiros a atacar foram os três soldados com espadas, desferindo golpes perfurantes no corpo de Camilly em seu braço, abdômen e pernas.

Camilly:

*Ao ver os soldados entrando pela porta, Camilly olhava Joel e dizia*

-Okay capitão, então será um combate injusto mesmo? Que chato!

*E como uma criança histérica, Camilly começava a gritar alto. O grito era estridente e incomodava os ouvidos quase como o ato de arranhar as unhas na parede!*

Narrador:

A defesa de Camilly foi bem pensada, não fosse por um detalhe: O elmo teraniano que protegia a cabeça dos soldados, incluindo Joel, era revestido por poder psiônico em pequena quantidade, o que foi suficiente para protege-los dos efeitos nocivos do som emitido por Camilly. Uma das espadadas cortou superficialmente seu braço, enquanto outro golpe abriu um corte em sua coxa direita e um terceiro golpe fez um corte na região de suas costelas. Não era fatal, mas o suficiente para debilitar Camilly, principalmente se a moça passou anos sem combater.

Ela ainda estava na luta, porém, e agora era sua vez de atacar. Era sua chance de reverter a situação.

Camilly:

*Camilly percebia que ali não havia mais volta, então fazia uma tentativa suicida de ataque. Ela ia tentar convocar uma "magia antiga" para ajuda-la. Como? Ora... Camilly era filha de um espectro. Eles não podem ter filhos? Claro que podem, basta conseguir almas o suficiente para negociar com algum demônio e tcharan! Temos uma "humana" com os poderes correspondentes ao de um Espectro da nobreza do submundo. Camilly então fechava os olhos e começava a recitar algo em voz baixa, estava desarmada e aparentemente indefesa, mas ela iria dar 110% de si para tentar sair daquela situação. Em outros tempos aquela situação seria comum e corriqueira, mas naquelas condições, Camilly estava se esforçando ao máximo para que aquela tentativa de ataque desse certo.
Camilly continuava recitando a magia em voz baixa e logo via-se pequenas chamas surgirem no chão e no teto do aposento, essas pequenas chamas logo tomavam grandes proporções e se tornavam um incendio.**

Narrador:

Assim que Camilly começou a recitar, os soldados hesitaram, permanecendo parados ao redor dela em posição de defesa, com aquela expressão de "O que diabos ela está fazendo?". Foi Joel que percebeu o princípio do desastre, quando viu as pequenas chamas tomarem o cômodo lentamente. Ele gritou então:

- Ela colocará fogo em tudo, morreremos queimados aqui! Detenham-na de qualquer maneira!

Um dos soldados então saiu correndo na direção de Camilly e a agarrou em um encontrão, visando quebrar sua concentração e impedindo o prosseguimento da magia. Mas ele estava muito rápido e acabou levando Camilly consigo. Os dois atravessaram a janela tamanha a velocidade do soldado, levando madeira e vidro no peito, e agora estavam em queda livre até o chão lá fora, o soldado agarrando Camilly.

Camilly:

*Camilly se desconcentrava e quando percebia o soldado já estava em cima dela. Se conseguisse (e se não rolar um boicote dos dados), Camilly por ser mais leve, conseguiria 'trocar' de lugar com o soldado e ficar por cima. Caso conseguisse, Camilly tiraria a espada dele e ambos cairiam, mas ela teria sua queda amortecida pelo gentil moço. Ao cair, Camilly corria o máximo que conseguia para o celeiro ao lado da taverna/estalagem, afim de encontrar a besta humana do Jason e sair logo dali.
Aquilo tudo não estavam em seus planos, mas que ajoelhou...*

Narrador:

Camilly não conseguiu virar no ar à tempo, de forma que foi o soldado que usou seu corpo para amortecer a queda. A taverna não era tão alta e a queda não seria fatal, mas o impacto foi o suficiente para deixar Camilly inconsciente. O soldado havia recebido metade do impacto mas estava acordado. Ele rolou para o lado, com dores no corpo. Era apenas uma questão de esperar Joel e os demais descerem para que pudessem levar Camilly presa, já que as ordens do capitão eram para levar a moça com vida.

Ou assim esperavam antes que as portas do celeiro se abrissem violentamente. De lá saiu Jason cavalgando à toda velocidade. Ele parou o cavalo à frente do soldado e fez o animal dar um golpe com as patas dianteiras, nocauteando o teraniano. Desmontou por um momento e ergueu o corpo de Camilly, colocando-a por cima da sela e saindo em disparada com o animal em seguida. Joel e os demais correram até seus cavalos, mas Jason já estava atravessando os portões da cidade, desviando-se das flechas, lanças e o que mais os soldados arremessavam.

Lembrou-se das direções que Camilly havia dado para deixar os Planaltos Ocidentais e foi para leste. Evitava as estradas principais, pois provavelmente eram vigiadas. Precisava permanecer em riachos ou na floresta, pois ainda era dia e seriam avistados facilmente de longe.

Camilly:

*Após a queda de um homem de quase 90kg com uma armadura de ferro, Camilly permanecia inconsciente no chão. Após a chegada heroica e atrasada de Jason, o resgate era bem sucedido, mesmo sem a colaboração efetiva de Camilly. A moça era colocada em cima do cavalo e levada por Jason.
Por vez ou outra ela tentava inutilmente abrir os olhos, mas o cansaço e a dor eram maiores do que sua vitalidade (literalmente, né?) e ela voltava a desmaiar. Haviam inúmeros cortes e escoriações pelo seu corpo devido a queda que colaboravam com o seu cansaço físico e mental.*

Narrador:

Jason tinha uma péssima memória, pois Camilly havia dito que o caminho para sair dos Planaltos Ocidentais era à oeste e o rapaz cavalgou para leste. Mesmo assim ele conseguiu despistar as forças teranianas que vigiavam as estradas. Como Camilly não despertou, Jason decidiu que era hora de parar em algum lugar e esperar a moça acordar, já que teriam mais chances com as habilidades de ambos.

O primeiro lugar avistado por Jason que poderia servir como um abrigo decente era uma cabana recostada à uma formação rochosa que a escondia da vista de quem passasse pela região. Ela também fornecia uma boa visão à frente do casebre, o que os ajudaria a perceber a presença de qualquer inimigo. O único problema era saber se a casa estava ocupada.

Jason parou o cavalo próximo da casa e pegou Camilly no colo. Se houvesse alguém lá, ele poderia dizer que sua mulher foi atacada e que precisava de ajuda. Caso encontrasse pessoas hostis, ele apenas usaria Camilly como escudo. [ LOL ] De qualquer maneira, valia a pena arriscar uma abordagem direta, afinal, precisavam se esconder o mais rápido possível.