Carta a Lei Keylosh (Encerrado)

A seguinte carta, redigida a mão em caligrafia precária na língua local e assinada em árabe, foi deixada sob a porta da casa de Lei Keylosh no meio da manhã. Diante da porta, um pacote embrulhado que continha todos os uniformes do Senatus e documentos, além do arco e aljava que foram presentes de Renon.

"Ao Capitão Lei Keylosh

Apesar de nossas inúmeras diferenças, escolhi você como portador de uma última carta. Agradeço por ter me ensinado que nem sempre diferenças significam falta de amizade ou respeito mútuo. Desejo que todas as questões relativas à sua esposa sejam resolvidas e que possam você e sua filha viverem junto dela até seus últimos dias. Uma família jamais deve ser separada, não importa o motivo. Peço que passe aos outros as mensagens.

A Renon, deixo o filho que gerei, Arthur. Não posso considerá-lo "meu" filho, já que nunca foi permitido a mim ser mãe. O nome eu não escolhi, o sobrenome não foi meu, a saudação ao fogo não houve, tampouco o ensino da minha língua, da minha religião. "Más influências", eu ouvi antes de Arthur ser tirado de meus braços em definitivo. É certo que nunca se lembrará da mãe que teve e peço que Agatha exerça esse papel em meu lugar, mesmo que seja ele um filho bastardo. A Renon, aconselho que comande com justiça e parcimônia. Nem sempre o Imperador é o mais correto.

A Agatha, agradeço os ensinamentos sobre diplomacia, a compreensão pelo erro de ter sido seduzida por seu marido e todo cuidado com Arthur. Reitero o desejo de que seja para ele a mãe que nunca fui ou nunca serei. Agradeço a confiança em assuntos do Senatus e espero nunca ter sido decepção.

A Azghr, sei que encontrará esposa mais valorosa e mais real. Desculpe.

Meu lugar não é aqui em Terânia. Nunca foi. Hoje parto sem destino, deixando nas mãos de Allah, o misecordioso, o caminho que guiarei.

Agradeço a todos.

Malak Nawar al Jamila"

*Lei encontraria a carta e os objetos com muita surpresa. Realmente não esperava por aquilo, achando que Malak estava bem em sua posição de agente do Senatus.

Leu toda a carta, lamentando profundamente o desfecho de toda a situação, e depois verificou as roupas, o arco e os documentos. A primeira coisa que fez foi soliticar a um escriba que transcrevesse a carta em outros dois papéis, a fim de entregar todas as mensagens a seus respectivos referentes.

Em posse de uma das cópias, iria tentar alcançar Azghr para entregar a mensagem, mas não conseguiria (Uma vez que Azghr já estava envolvido no jogo de Dissensão). Em seguida, Lei iria até Agatha e entregaria a cópia da carta pessoalmente, juntamente com os uniformes do Senatus e documentos pendentes. E por último iria até Renon com a carta original e com o arco e a aljava.

(Se possível, gostaria de realizar estes pequenos jogos de entrega com cada um. Se não for possível devido a tempo ou condição, então por favor considerem entregues.)

Lei seria recebido no grande Salão do Senatus, teria de aguardar alguns poucos minutos, antes de permitirem sua entrada à sala da Imperatriz. Mas Agatha o receberia sem problemas aparentes.

A sala era ampla, com a decoração em tons muito claros, em sua maioria branco, muitos papiros e livros espalhavam-se pelo lugar, Agatha estava junto à janela, usava um longo vestido branco, de mangas largas que lhe ocultavam as mãos. Tinha os cabelos presos numa trança firme e os olhos cobertos por um fino tecido transparente.

Não falou nada, a principio.

*Naturalmente Lei iria providenciar uma cópia da carta que Agatha pudesse ler com as mãos antes de ir até ela. Ele também não diria nada logo após ter adentrado o salão e se aproximado dela, o que causaria um silêncio desconfortável. Um silêncio que logo seria cortado pela tossida de Lei.*

Não me lembro da última vez em que nos falamos pessoalmente, Agatha. É bom lhe ver. *Fez uma pausa, continuando.* Embora desejasse que fosse em uma situação mais agradável. Trago a carta de resignação de Malak e os pertences que ela devolveu, como uniformes e cópias de documentos. *Colocaria todas as coisas sobre a mesa de Agatha, deixando a carta mais à frente, e depois se afastaria, aguardando em pé.*

A mulher virou-se para ele, de maneira até mesmo lenta, enquanto absorvia o que era dito, moveu a cabeça em sinal de positivo, quando ele citou o fato de há tempos não se encontrarem e também sobre ser bom vê-lo novamente.

A Imperatriz estava silenciosa, de um jeito muito diferente do habitual. Moveu-se em direção a mesa em que Lei havia deixado as coisas de Malak, pegando primeiramente a carta, em que passou as pontas dos dedos. Deixou um suspiro silencioso escapar-lhe.

– Renon já fora informado? – Questionou, voltando a virar-se na direção de Lei. Não parecia, aparentemente, abalada, mas Agatha era, sem sombra de dúvidas, boa em esconder suas reações a todo o momento.

*O barbudo meteu as mãos nos bolsos e permaneceu fitando Agatha enquanto respondia* Acredito que ele já sabe da partida de Malak, mas ainda não sabe dos motivos, da carta ou que ela devolveu o arco que ele deu de presente. Eu levarei tudo a ele em seguida.

*Supondo que houvesse janelas no Salão do Senatus, Lei iria se aproximar de uma delas para observar a cidade do lado de fora. Coçaria a barba, seguido de um suspiro.* As coisas andam estranhas, não acha? Eu achei que Malak havia descoberto sua especialidade e que estava indo bem e ela decide partir repentinamente. E agora esses... agentes da Inquisição ficam se metendo onde não devem. Já mais de uma vez algum deles interferiu em assuntos que cabiam a mim resolver.

*Voltou-se para dentro do salão e voltou a fitar Agatha.* O que eu devo fazer, Agatha? Abaixar a cabeça e deixar estes estranhos tomarem conta da nossa Terânia?

Ainda com a carta em mãos, Agatha a dobrou, antes de repousá-la junto as demais coisas de Malak, extremamente pensativa, a Imperatriz estava bastante calada, resumindo-se em comentar o que era dito, sem realmente acrescentar nada de relativo a conversa.

Voltou-se para Lei. - Até onde sei, eles tem livre acesso para fazer o que quiserem, respondendo apenas à Renon. Não tratei com nenhum deles. Quando uma tal de Katherine pediu uma... Sei lá, audiência, o Conselho Negou, então, não estivesse na presença de nenhum ainda. Não sei o que pretendem. Isso terá de ser discutido com Renon.

E passou a mão pelos cabelos, retirando alguns fios da testa. - Gosto disso tanto quanto você.

Bem, é exatamente isso que pretendo discutir com Renon. Estou indo até ele agora. *Afastou-se da janela.* Obrigado pela atenção, Agatha. E, por favor, mantenha contato. Agora mais do que nunca. Até mais. *Não fez nenhum gesto pois isso era desnecessário. Se ela não dissesse mais nada, apenas se afastaria e sairia do Salão do Senatus.*