Combata Fogo com Fogo (Encerrado)

Malak:

Malak contornou o corpo de Insinerahin, olhando-a com desprezo, quase com nojo. Ainda segurava seu coração e, diante dos soldados, deixou que uma chama produzida por ela consumisse todo o órgão e em seguida o corpo da assassina, até que se tornassem apenas cinzas. Olhou os soldados, cumprimentando-os com um inclinar discreto de corpo e um sorriso ainda mais discreto.

Malak estava insegura, não sabia se tudo havia acabado de vez agora.

- Reconstruiremos Firelands. Nossa terra será tão forte como nunca foi, próspera e justa. Convoco-os para, já a partir de agora, reconstruir o que foi devastado e dar o destino justo aos flamejantes cujas vidas foram perdidas aqui, nessa batalha. Obrigada. - poucas palavras, nada muito empolgante como achava que seria assim que assumisse a regência.

Deixou a grande arena e caminhou outra vez pelos corredores do castelo em busca de uma pessoa. Uma única pessoa agora importava.

- Seeje…? - e lembrou-se ainda de Sigmund. Teria ele sobrevivido? Achava que não. Achava que ninguém mais daqueles soldados, nem seu mestre de armas, nem o transmutador, ninguém mais devia estar vivo. Mas havia esperança… Muita esperança.

Narrador:

Talvez não fora empolgante para Malak, mas suas palavras inflamaram, metafórica e literalmente, todos os soldados, que voltaram a gritar.

Ao contrário de quando retornou do covil do Oráculo, Malak não demoraria em achar Seeje. O Mestre de Armas sequer deu tempo para que a regente adentrasse o castelo, subindo ele mesmo até a arena elevada. Assim que avistou Malak, correu na direção dela e a abraçou de maneira eufórica, derrubando-a ao chão e caindo sobre ela, dizendo:

- Você é duro de se matar!! Nem mesmo Pyron, nem mesmo Insinerahin! Quanto a isto, eu sei que posso me tranquilizar. Nada consegue lhe deter, Malak! - E a beijou intensamente. Os outros soldados evitaram de alcançar a arena, pelo menos por enquanto.

Malak:

Sorriu imensamente ao rever Seeje. Já não importava se soldados sabiam ou não, não importava mais a ninguém como era essa relação talvez muito inusitada. Malak abraçou-o com força, beijando-o também intensamente por longos segundos. Agora sim estava satisfeita e ela mesma interrompeu o beijo.

- Temos muito, muito a conversar. Preciso de conselhos e não há ninguém mais em quem em confie além de você, Seeje. Morrer não foi o pior. Apavorava-me a ideia de nunca mais te ver, te tocar, te ter. Mas… Vamos, há muito a fazer e conversar!

Narrador
- Claro, Malak. Eu sempre estarei ao seu lado! Eu sabia que aquela vadia não ia conseguir lhe derrubar. Ela segurava aquele objeto e disse a todos que sua alma estava lá, e que se a atacássemos, você iria desaparecer para sempre. Ela é cheia de truques, não havia motivo para não acreditar que ela dizia a verdade. Foi a única coisa que me impediu de cortar a cabeça daquela desgraçada! Mas agora ela é cinzas. - Seeje se levantou, segurando a mão de Malak para que ela se levantasse também. Sua expressão assumiu um tom de tristeza quando ele disse:
- Sigmund não sobreviveu aos ferimentos. Ele morreu com honra, dando sua vida à nossa causa. Ele será lembrado para sempre, juntamente com todos que morreram, enquanto se juntam à Grande Chama! Conforta-me que ele já foi vingado, quando você incinerou a assassina!

Malak
- Espero que ela esteja mesmo destruída... - murmurou após se levantar. Depois de tudo o que havia vivido naqueles últimos dias, até uma assassina ressurgir das cinzas pareceria plausível. A expressão de Malak também entristeceu com a notícia, já que havia prometido a ele que o tiraria de lá vivo. A Grande Chama... Ainda tinha isso a explicar. Puxou-o delicadamente pelo braço para que entrassem.
- A Grande Chama... Insinerahin me induziu a destruir o Oráculo para que me libertasse da prisão do punho da fênix. De fato me libertei.... E venci Pyron por isso. Mas todas as almas ficavam vagando... E eu via todas. Nenhuma chegava ao descanso e por minha culpa. - seguia caminhando rumo a algum salão menos destruído e mais discreto.
- Enquanto morta, eu consegui recriar um Oráculo. Um que apenas guia as almas, que não é capaz de selecionar campeões ou julgar quem deve ou não voltar. Achei que seria melhor assim.... Mas Pyron... Ele jurou lealdade a mim e a Firelands, disse que venci com honra, que ele mesmo mataria Insinerahin se soubesse que ela pretendia destruir o Oráculo. Ele... me pediu para se tornar o novo Oráculo. Disse que selecionará apenas os melhores e tudo mais. E me disse algumas palavras que supostamente colocariam a assassina sob meu controle, mas achei melhor terminar logo com essa cobra. - suspirou pesadamente antes de encostar-se em uma parede. Estava exausta. - Eu preciso da sua ajuda para decidir, preciso de um conselho...

Narrador
*Havia um salão ainda inteiro dentro daquele enorme castelo. Enquanto passavam pelos corredores, Malak era ovacionada pelos soldados, mesmo que não parasse ou não desse muita atenção no momento. Não seriam interrompidos no interior do salão. Seeje ouviu a tudo e depois disse.* - Pyron como o novo Oráculo?! Ele estava tentando te matar há apenas algumas horas atrás! Eu não confiaria nele, mas também não devemos temê-lo! Vc já o derrotou uma vez e poderá destruí-lo se ele não fizer seu trabalho direito! Além disso, não podemos negar que ele é poderoso. Ele até mesmo lhe deu trabalho na luta.

Malak
*De fato não dava toda a atenção que desejava aos soldados, exausta como estava. Já no salão, Malak ouviu com cuidado a opinião do mestre de armas e manteve-se em silêncio por algum tempo.* Eu não sei. Firelands precisa de um Oráculo capaz de fazer decisões mas... Pyron? Talvez... Talvez se eu pagá-lo com a mesma moeda, com algum artifício que limite sua atuação e poderes...

Narrador
- Sim! Esta é uma excelente ideia, Malak! Daremos à Pyron um gosto de seu próprio remédio. Colocaremos uma manopla nele, similar ao Punho da Fênix! Onde ele se encontra? *Disse Seeje, fitando Malak. Ele se aproximou e daria apoio a ela se precisasse. Ele também estava exausto, com ferimentos e sua armadura quase que completamente despedaçada.*

Malak
- Ele? Está em algum lugar entre esse mundo e a Grande Chama, onde vagavam os espíritos. Disse que aguardaria minha decisão por algum tempo. Acho que já farei isso, Seeje, para poder descansar em seguida. Não quero morar aqui, nesse inferno.

Narrador
- Refere-se ao castelo? O que fará com ele, Malak? Vc o manterá ou derrubamos esta coisa toda? - *Perguntou Seeje, fitando-a.*

Malak
- Derrubem. Explodam. Sumam com esse lugar. Não quero uma pedra desse castelo de pé. Aproveitem o que for útil e derrubem o resto. *Suspirou outra vez, ainda encostada na parede..* Pode arrumar alguma montaria para voltarmos enquanto faço isso com Pyron?

Narrador
- Sim, Malak. *Seeje fez um afirmativo, deixando o salão rapidamente e dando ordens para que ninguém adentrasse o recinto até que Malak tivesse terminado.*

Malak
*Mais gastos de energia, mais cansaço, mais desgaste físico e mental foram necessários para que conseguisse outra vez contactar Pyron.* - Será o novo Oráculo, Pyron. Mas usará... *fez com que surgissem dois braceletes com o símbolo da fênix trabalhado, um em cada pulso* ... com isso. Jamais serei louca ou tola o suficiente para deixá-lo com poder ilimitado. Espero que faça u m bom.... trabalho.

Narrador
*Pyron sorriu ao receber os braceletes, erguendo os braços à altura do rosto e dizendo.* - Ora, que irônico, Malak. Condenou-me por ter colocado uma coleira em você e agora... faz o mesmo. Eu farei o meu trabalho. Certifique-se de que fará o seu em Firelands. *Dito isto, a chama de Pyron viajou até o covil do Oráculo, onde ele ficaria a partir de agora. Aquela mesma caverna que abrigava o antigo Oráculo Cego agora abrigava Pyron. Ele não poderia deixar seu covil, nunca. Malak poderia adentrar o covil quando quisesse, porém.*

Malak
- Tudo o que vai, um dia volta, Pyron. *Observou-o partindo e pouco após viu-se sentada no mesmo salão em que estava, quase cochilando pelo cansaço.*

Narrador
*Seeje voltou rapidamente, encontrando Malak sentada no salão.* - A montaria está pronta, Malak. *Foi até ela e a pegou no colo, colocando sua cabeça no ombro dele e dizendo.* - Descanse agora, vc merece. Resolveremos o restante mais tarde. * Ele a levou até a montaria então, onde a colocaria na sela do animal e se sentaria atrás dela para lhe servir como encosto. Estariam em seu castelo em alguns minutos, enquanto os homens permaneceriam ali para dar início à derrubada do castelo.*

Malak
Eu me sinto uma tola por ter sido seguidamente enganada por Insinerahin. Nem mesmo sei se deveria seguir regente. *Comentou enquanto voavam de volta ao castelo, de fato encostada nele - mais por preguiça e vontade que necessidade.*

Narrador
- Está brincando, Malak?! Vc é a coisa mais poderosa em Firelands! É seu destino ser a regente! Insinerahin teve sorte, mas isto não vai acontecer mais! Ninguém mais terá coragem de tentar lhe enganar! Eu estarei ao seu lado, sempre! *Disse, enquanto guiava a criatura pelos céus vermelhos.*

Malak
Ah... Eu nunca achei que me tornaria campeã. Muito menos regente de Firelands. Resta saber o que vai acontecer daqui a diante... *Pensou um pouco mais antes de falar.* Sim, ao meu LADO e não abaixo de mim. Não quero que seja apenas um "mestre de armas" mais.

Narrador
- Eu serei o que vc desejar, Malak! *A montaria logo chegaria ao seu destino. Infelizmente, o castelo de Malak também estava avariado, já que o exército de Pyron, sob o comando de Insinerahin, havia atacado. Seeje pousou no telhado e desceria, carregando Malak no colo novamente.* - Reconstruiremos nosso castelo também. Renasceremos, como sempre fizemos e agora com vc nos liderando, Malak.

Malak
- Maldita... *Resmungou ao ver o castelo meio capenga. Consolou-se pela certeza de Seeje de que daria tudo certo de agora em diante.* E... *Quando já era carregada por ele, toda folgada.* A gaisra... Ela me disse que apoia nosso relacionamento.... *Uma pausa... Era regente mas tb era mulher, insegura e etc* Se ele acontecer, claro...

Narrador
- Ela... disse isso? *Murmurou Seeje. O castelo estava vazio, pois os serventes e soldados haviam fugido ou ido para a zona de batalha no castelo de Pyron. Seeje a levou até seu aposento, que era um dos poucos cômodos que ainda estava inteiro, presente no andar mais alto.* - Eu a vi quando vc a montou contra Pyron. Eu não sabia como, mas eu reconheci a forma dela. Vc a encontrou depois?

Malak
- Disse. Disse pouco depois que morri, enquanto pensava no que fazer para consertar tudo. Ela disse, sim. Mas agora foi descansar, merecidamente. *Quase uma boba alegre, Malak riu ao rever o quarto depois de tudo aquilo, de todos aqueles dias..*

Narrador
- Sim, merecidamente. Ela também será lembrada para sempre. E vingada em seu devido tempo. Mas não ainda. *Seeje colocou Malak no que restou da cama do cômodo e se deitou ao lado dela, dando um longo suspiro. Um resto da ombreira de sua armadura caiu no chão, enquanto ele olhava para o teto rachado.* - Temos que preparar a cerimônia de posse, a homenagem aos mortos, o anúncio da nova regência... *Estava quase balbuciando, cansado física e mentalmente.*

Malak
Temos que pensar nisso depois. Amanhã... *Murmurou, livrando-o do que conseguia, se a armadura não fosse muito complicada. Ela própria retiraria a dela antes de deitar-se novamente.* Hoje quero descansar. Dormir. Dormir muito.

Narrador
*E dormiriam merecidamente. Só acordariam um ciclo depois com a movimentação no castelo, com os serventes e soldados retornando ao trabalho e ajudando a reconstruir o castelo. As mulheres ajudariam Malak a se banhar e se recuperar, enquanto Seeje fazia os preparativos para as cerimônias. Primeiro seria feita a homenagem aos mortos, com pedras de cor âmbar sendo polidas para cada um dos que se entregaram à causa e uma grande chama ao centro de uma plataforma. Em seguida seria feita a cerimônia de posse, onde, em um ritual comum para os flamejantes, lava borbulhante seria derramada sobre Malak, provando que ela era, de fato, uma filha do fogo. Não havia juramento e nem discursos, embora ela pudesse fazê-lo se quisesse. O mais forte tinha o direito de governar. Esta era a única lei de Firelands.*
* Na cerimônia estavam Cast e Silat, os outros agentes especializados de Malak. Também estavam presentes a camponesa Lya, cuja vila agora era totalmente protegida pelos soldados do exército unificado de Malak, e Delana, pertencente ao grupo de protesto que agora apoiava Malak e ajudaria a espalhar a notícia aos quatro cantos de Firelands. Curiosamente, a cabeça de Domo Halosis havia permanecido intacta no hall do castelo, mantida sempre pela magia vigente no local.*
* Após algumas semanas de reconstrução, Seeje apareceria na sala do trono procurando por Malak. Trazia um objeto familiar na mão: A peça que Insinerahin havia usado para aumentar a energia da lâmina gelada dentro de Malak.* - Malak! Não vai acreditar nisto! *Sentia-se à vontade para não usar o "Senhora", mas, é claro, o resto da hierarquia deveria usar este título ao falar com Malak.*

Malak
*Claro que deveria sentir-se à vontade, já estavam juntos há algum tempo (suponho. u.u). Malak estava de costas, olhando pela janela o progresso da reconstrução de toda a cidade. Virou-se para Seeje assim que chamada.* O que houve? Descobriu algo sobre... Isso?

Narrador
- Sim. Lembra-se disto? Estava com Insinerahin no dia em que tudo aquilo aconteceu. Vê estas runas? *Seeje girou o objeto lentamente à frente do rosto de Malak, enquanto falava.* - Nossos magos analisaram isto e concluíram que este objeto mágico foi confeccionado em Stormhigh. Seja lá como aquela assassina conseguiu isto, este objeto e a adaga que ela tinha são de Stormhigh.

Malak
*Observou com atenção as runas mas sem sequer tocar no objeto.* Stormhigh. Ela me disse esse nome assim que me enfiou aquele punhal maldito. Que esperava que compensasse enfrentar todo aquele frio. *Murmurou como se recordasse todo o momento, a dor, tudo. Voltou a olhar Seeje.* E sabem quem pode ter confeccionado isso?

Narrador
- Um de nossos magos já trabalhou com outros magos de Stormhigh quando Firelands ainda era da Aliança. Ele tem certeza absoluta de que este artefato veio da região de Tempestra, a capital deles. Eu não quero tirar conclusões, Malak, mas como diabos Insinerahin conseguiu isto?! Eu acho que Stormhigh nos deve uma explicação!

Malak
Envie um mensageiro, convoque o mago responsável para uma audiência aqui em no máximo 10 dias. Stormhigh VAI nos explicar ou sofrerão consequências. Isso me matou. Quero saber quem, quando e por quê foi feito. Exijo saber. *... mesmo que sob tortura, pensou. Mas dificilmente chegaria tão longe, haviam outros modos.*

Narrador
- Agora mesmo, Malak! *Seeje adorava comprar uma briga, como era de sua personalidade, e apressou-se em organizar a audiência.*