Combata Fogo com Fogo (Encerrado)

Parte 19

Delana fez menção de que ia responder algo à campeã, mas parou por um momento. Surpreendentemente, a resposta de Malak havia deixado a manifestante satisfeita e ela deixaria o motivo claro em seguida:

- Bem, eu... Estou surpresa, Malak Nawar. Eu sabia que não era como Pyron pelas descrições que me fizeram, mas eu não esperava que estivesse disposta a de fato ouvir o povo. E ouvindo de sua boca e olhando nos seus olhos, eu posso dizer que realmente deseja isto. Não se engane, eu voltarei se não cumprir o que promete, mas não ter mais um regente controlando tudo pela força, para Firelands, já é algo que nem mesmo o flamejante mais otimista esperaria. Eu lhe apoiarei, Malak Nawar. Meu movimento estará ao seu lado. Não somos combatentes. Nossa contribuição será através das ideias, convencendo as pessoas a apoia-la. Pyron pode ter controlado nossos corpos durante décadas, mas nunca nossas mentes. Obrigado, Malak Nawar. - Fez um gesto de agradecimento e se nada mais fosse dito, os soldados acompanhariam Delana para fora.

Seeje não saiu de seu lugar durante todo o diálogo e só voltaria a falar quando Malak retornasse ao trono:

- É a primeira vez em que vejo um manifestante concordar com alguém. Geralmente eles são contra tudo e todos, não importando o que seja. Se tivéssemos usado de força - entenda-se, meu martelo - eles se voltariam contra a sua regência e poderiam influenciar negativamente a população, diminuindo sua influência. No final das contas, foi melhor ter mantido o diálogo. Heh. - Deu uma risadinha irônica, algo raro para ele. - Admito não ter a sua paciência, Malak. Acho que estou aprendendo uma ou duas coisas com você, afinal.

Fitaria Malak por alguns segundos depois disso, a mesma troca de olhares longa de momentos atrás. Ele só voltou para a terra quando colocou a mão na cabeça, parecendo receber um chamado telepático. Disse de supetão em seguida:

- Senhora, Sigmund está pronto. Podemos observa-lo naquela pequena sala ao lado.

Malak

Malak aguardava que a manifestante a respondesse, contestasse ou qualquer coisa do tipo. Seria o típico, o esperado em uma situação como aquela. Mas surpreendeu-se ao ouvir que teria seu apoio para convencer pessoas para sua regência, algo que seria de enorme auxílio em tempos que viriam. A campeã sorriu diante do agradecimento e cumprimentou-a de volta, aguardando sua saída antes de retornar para seu trono.

- Veremos quanto tempo o apoio irá durar, não é? Sobre usar a força… Antes de ser campeã eu era… humana. Força nunca fez parte da minha vida, Seeje, muito menos lutas ou batalhas. Isso me forçou a usar outros meios para viver e conquistar o que queria. Claro, nem tudo deu certo usando as palavras. E fico feliz por você não ter minha paciência, inimigos não precisam disso, nem traidores. Não quero que tenha paciência no uso de sua força quando for para minha defesa ou de qualquer outro de Firelands que esteja ao nosso lado.

O olhar outra vez se cruzou com o dele e permaneceu admirando seu brilho e as chamas que pareciam arder ali dia e noite. Ela mesma voltou ao normal apenas diante de suas palavras. Levantou-se e acompanhou-o para a sala indicada.

- Enfim descobriremos de que lado Insinerahin está, de fato.

Parte 20

Seeje fez um afirmativo com a cabeça e fez um sinal para Malak, apontando para a pequena sala adjacente ao trono. Anunciou encerrada a sessão de petições e metade dos soldados ali dentro se retirou, permanecendo apenas a quantidade habitual. Seeje guiou Malak até a saleta e  esperou que ela entrasse para, em seguida, trancar a porta atrás de si.

Era uma sala com apenas uma mesa de madeira e algumas estantes repletas de documentos e pergaminhos. Podia ser usada por Malak para estudos ou reuniões breves particulares. A sala não servia para muita coisa além disso. Naquele momento, entretanto, ela serviria para algo diferente.

Certificando-se de que tinham privacidade absoluta, Seeje retirou um pequeno objeto do bolso e o mesmo reagiu, emitindo um brilho pequeno. A parede à frente da mesa foi coberta por uma fina camada translúcida e nesta camada se formou a imagem do local onde Sigmund iria se encontrar com Insinerahin. Seeje largou o objeto sobre a mesa e comentou rapidamente:

- Não me dou bem com estas parafernálias mágicas, mas funcionou. Sigmund é um excelente manipulador destas coisas. Poderemos vê-los e ouvi-los, e Sigmund poderá ouvir a Senhora também, caso queira que ele diga algo ou que altere o rumo da conversa. Basta segurar este artefato e ele a ouvirá claramente.

Seeje puxou uma poltrona para ele e outra para Malak ao lado, mas ela poderia se acomodar onde quisesse. Na imagem mágica, Sigmund já estava em sua forma de Seeje, trajando uma armadura idêntica a que o Mestre de Armas geralmente usava. Não demorou muito até que dois soldados chegassem no local escoltando Insinerahin. Estavam em um dos corredores do castelo e a energia mágica presente nas paredes mantinha toda a mecânica do processo. Insinerahin tirou o pó de seus trajes e olhou para o falso Seeje com descrença, dizendo:

- Ora, para quem me queria nos calabouços ou morta, você com certeza teve muita pressa em me ver novamente, Seeje.

- Pare de gracinhas e me escute, assassina! - Respondeu "Seejemund".

- Uau. Ele é muito bom. - Comentou o verdadeiro.




Malak

Estava muito satisfeita com o resultado de todas as petições: grupos aliados e uma potencial moeda de troca com um reino considerável. Se tudo continuasse seguindo bem assim Malak realmente não via como a conquista poderia dar errado. "Bastava" derrotar Pyron. "Bastava". A campeã suspirou ao terminar aquele pensamento, voltando a atenção a Seeje e a sala que se esvaziava lentamente.

Levantou-se e seguiu com o mestre de armas até a pequena sala, parando diante da mesa. De braços cruzados, observou o objeto e a imagem que se formava na parede logo à frente. Arqueou uma das sobrancelhas, surpresa com a qualidade da imagem e com o fato de poder ser ouvida pelo espião. Não tardou a se sentar na poltrona oferecida por Seeje, ainda em silêncio e olhando a cena que começava a se desenrolar.

- Sim, parece muito bom mesmo. Pelo menos inicialmente, hm? Espero que Sigmund tenha se preparado o suficiente para que Insinerahin não perceba nada até definirmos de fato sua posição aqui. Dando tudo certo, Seeje, poderemos enviá-lo na forma de Insinerahin… Enfim, veremos! - murmurou, aguardando a sequência da cena.

Parte 21

Seeje fez um afirmativo com a cabeça para Malak e depois sua atenção retornou à imagem translúcida na parede da pequena sala. Sigmund então continuou, tentando ao máximo simular os trejeitos do original:

- Agora sou eu que vou lhe interrogar, sua assassina. Você pode ter prorrogado sua estadia com Malak, mas comigo a história será diferente. - Disse Sigmund, segundos antes de segurar Insinerahin pelos braços e prensa-la contra a parede do corredor. O primeiro objetivo havia sido cumprido. Sigmund tocou Insinerahin e agora ele conseguiria assumir a aparência dela. A assassina não reagiu, com um sorriso irônico no rosto, e disse:

- Eu gosto de homens que sabem pegar uma mulher com força. E eu adoraria conferir até onde você iria com isto, Seeje, mas é óbvio que sua chama arde por outra mulher. Pela campeã, mais precisamente. - Deu uma pequena risada depois de falar.

- O que disse?! - Respondeu Sigmund na voz de Seeje, mas, na verdade, até mesmo o próprio Sigmund ficou surpreso pela constatação. Ele não demonstrou, entretanto, pois não podia estragar seu disfarce. O Seeje original quase deu um pulo na poltrona, apontando a imagem com a mão e esbravejando:

- Do que... Do que esta louca está falando?! - Disse Seeje, gaguejando ligeiramente. Sigmund continuou então:

- Isto não é da sua conta, assassina. O que eu quero saber é como você tem tanto conhecimento sobre o que aconteceu com Malak e de como ela pode derrotar Lord Pyron.

Insinerahin então se livrou do agarre de Seeje com desdém e disse:

- Eu já disse a vocês. Fui criada por Lord Pyron, cresci com ele. Quando Malak renasceu, ele só falava dela. Só falava de como ela seria sua nova campeã e de como a usaria para dominar Firelands de maneira definitiva e até mesmo os outros reinos do Império. Com o poder dele e de Malak, e usando das mágoas que Malak guardava em relação ao seu antigo grupo, os Cavaleiros Imperiais, Pyron rompeu com a Aliança Imperial, já planejando expandir seu poder.

- E o que o Oráculo tem a ver com tudo isto?! - Perguntou Sigmund, ao que Insinerahin respondeu:

- Lord Pyron sabia do poder de Malak. Ele usou o Oráculo para fazer com que ela renascesse na Chama e para que fosse colocada uma coleira nela. O Oráculo limita o poder de Malak e se ele morrer, o poder dela será ilimitado.

- Mas, neste momento, Lord Pyron é a criatura mais forte de Firelands. Por que deixar de servir à um regente para servir outro? - Perguntou Sigmund.

- O povo está cansado da regência falha de Pyron. Os inteligentes sabem que devem ficar com Malak. Mas você deveria fazer esta pergunta a você mesmo, Seeje. Afinal, você fez exatamente a mesma coisa. Você abandonou Pyron para se juntar à Malak. Não conseguiu cumprir nem mesmo a tarefa a que Pyron lhe incumbiu, que era cuidar da montaria da campeã.

Malak:

Malak continuava apenas observando o desenrolar da cena, aparentemente tranquila e sem que percebesse muito além do esperado. Claro, a expressão ficou assim até o momento em que ouviu Insinerahin insinuar que a chama de Seeje ardia pela campeã. Franziu a testa, arqueando as sobrancelhas um pouco mais diante da reação exagerada de seu mestre de armas.

Não o respondeu, voltando a atenção ao que se passava diante de seus olhos. Sentia por ele também um pouco mais de carinho e afeição que deveria e talvez nunca seria capaz de confessar isso, já que se quer sabia se alguma relação assim poderia ser possível, ou se seria correspondida em algum momento. Bufou, cruzando os braços logo após. As respostas dadas por Insinerahin inicialmente não a surpreenderam por completo, já que estavam bem similares às anteriores.

- Hm.. Uma coleira para limitar o poder… .- murmurou quase apenas para si, tentando se lembrar de algum acontecimento em seu renascimento que poderia justificar aquela informação. - Então de fato o Oráculo precisa ser destruído…

Malak enfim levantou-se, caminhando até parar atrás da poltrona onde estava sentada. Outra vez ela suspirou.

- Você cuidou da Gaisra. O que causou a morte dela foi uma falha minha, não sua. Enfim… Vejamos o que mais ela tem a dizer. - mais alguns passos até a campeã conseguir tocar o objeto e assim falar com Sigmund.

- Sigmund, descubra qual a fonte de poder do Oráculo. Preciso saber quem e o quanto mobilizar para destruí-lo… Se preciso ir eu mesma ou se outro pode fazê-lo.




Parte 22

O Seeje original quase teve um acesso de raiva ao ouvir o que Insinerahin havia dito, mas, por sorte, o que Malak disse o impediu de entrar em frenesi. Ele se esforçou ao máximo para se controlar, as lembranças da Gaisra invadindo sua mente. Permaneceu em silêncio, enfim, para não atrapalhar Malak. Sigmund ouviu perfeitamente o que Malak disse e ele mostraria no desenrolar do diálogo, quando disse:

- Muito bem, assassina, já que você quer que a campeã tenha todo o poder, então diga como destruir o Oráculo. Qual é a fonte do poder dele?!

- O Oráculo Cego é uma entidade antiga de Firelands. - Respondeu Insinerahin, como se já tivesse decorado aquelas informações, dizendo-as sem pensar muito, enquanto andava lentamente ao redor de Sigmund. - O poder dele vem diretamente da Grande Chama, diretamente da chama que emana de Firelands. Lord Pyron conseguiu dominar esta entidade e usar seu poder para dominar absoluto. É por isso que o Oráculo colocou o Punho da Fênix em Malak. Esta é a "coleira" dela. É este artefato que limita seu poder.

- Isto eu já entendi! O que eu quero saber agora é como retirar isto! - Respondeu Sigmund bruscamente.

- Ela deve ir até a caverna onde encontrou o Oráculo pela primeira vez.  - Respondeu a mulher, fitando Sigmund. - Todos os renascidos se lembram instintivamente do lugar onde se transformaram, e com Malak não será diferente. Ela se lembrará do caminho naturalmente, a Chama a guiará.

- Ótimo. Iremos marchar com o exército até lá e acabar com isto. - Sugeriu Sigmund, com uma alternativa que não estava muito longe da verdade. Insinerahin soltou uma risada irônica e respondeu:

- Não seja ingênuo, meu querido Seeje. Você e Malak com certeza carregam a chama necessária para se aproximar do Oráculo, mas quanto aos outros... Nem mesmo eu sou apta à isso. Apenas aqueles com as chamas mais ardentes conseguem se aproximar do Oráculo Cego, todo o resto perece na tentativa. O Oráculo morre e o efeito do Punho da Fênix se vai também. Não será fácil, mas eu confio em Malak. Por que não vai junto proteger aquela que você ama, guerreiro?

Sigmund fingiu ter ficado nervoso com a provocação de Insinerahin, tocando-a no braço e fazendo a mulher se afastar alguns passos. Esperava alguma outra pergunta ou ordem de Malak através do contato mágico.

Malak:

Malak também precisou conter a curiosidade ao ouvir aquela revelação. A vontade era interromper tudo e quem sabe, confirmar se era verdade ou mera invenção da assassina. Mas não. Precisou manter toda a atenção direcionada ao diálogo que assistia.

Estava séria, alheia a qualquer comentário de Seeje naqueles momentos ou a qualquer outro barulho. Insinerahin ainda podia estar mentindo… Mas não havia nada contraditório em suas palavras, nada que a deixasse desconfiada de que poderia ser uma emboscada. Talvez valesse a pena, afinal, tentar enfrentar o Oráculo… Se precisava de mais poder para derrotar Pyron e se o único modo era derrotar o Oráculo, precisava ao menos tentar.

- Sigmund, pode se retirar. Obrigada, foi extremamente útil. Conversaremos mais tarde. - disse após tocar o dispositivo e então soltá-lo. Recostou-se outra vez na poltrona, mantendo o silêncio por meros segundos.

- Eu irei até o Oráculo, Seeje. Sozinha. Você ficará para comandar o exército e minhas terras em minha ausência. Preciso ter a segurança de que tudo ficará bem guardado enquanto tento. Tenho que pelo menos tentar.

Narrador:

- Eu sei que retornará, Malak. Você vencerá qualquer coisa em seu caminho. - Respondeu Seeje, retribuindo o beijo. Lá fora, na falta da montaria oficial da campeã, uma criatura flamejante e alada foi dada a ela. Bem menor do que a gaisra, naturalmente, mas seria um transporte confiável até qualquer ponto de Firelands.

Bastava que Malak se lembrasse minimamente de seu renascimento e a memória visual do local se formaria em sua mente. Era o interior de uma profunda caverna, em uma plataforma cercada por rios de lava borbulhante. Ela saberia a direção instintivamente e a criatura alada não teria problemas para levá-la. Já próxima do local, seu bracelete, o Punho da Fênix, começou a tremer ligeiramente e emanar uma fina camada de fogo. Ela sabia que estava perto. Ao pé de um grande vulcão havia uma entrada e ela sabia que ali iria iniciar sua descida até o covil do Oráculo Cego.

Ela o faria, mas não sua montaria. A criatura não conseguiu se aproximar muito da entrada, forçando Malak a pousar e cobrir 50 metros a pé. Mesmo uma montaria como aquela, nascida em Firelands e acostumada a altas temperaturas, sofria com as chamas emanando daquela caverna. Era uma energia sobrenatural. Não havia nenhuma outra criatura ao redor pois a energia mantinha todos longe. Malak não teria problemas em alcançar a entrada.

A passagem se alongava em um corredor muito extenso com leve inclinação para baixo. A descida se tornava ingrime só depois, quando Malak alcançou uma rampa em forma de espiral que levava até as profundezas da caverna. A lava minava das paredes do lugar e os rios lá embaixo já eram visíveis. A rampa terminava diretamente no rio de lava, o que era estranho. Não havia mais nenhum caminho a seguir, portanto, Malak teria que adentrar a lava borbulhante.

Ela se lembrava de que havia renascido no rio de rocha derretida. A lava não a queimava, era como água para a pele dela. O rio, que batia apenas até o busto de Malak, continuava até um átrio interno. A lava cobria todo o átrio exceto por uma pequena ilha de rocha ao centro. Ali havia dois altares e quatro pilares de obsidiana. Em cima de um dos pilares estava uma figura velha em posição de lótus com os olhos fechados; parecia estar meditando. Neste momento, o Punho da Fênix vibrava muito e emanava muita energia.

De alguma forma, o velho percebera a presença de Malak desde sua entrada na caverna. Ele ria ironicamente, sua risada rouca ecoava pela redoma interna e quando Malak estivesse muito próxima, ele diria:

- Malak Nawar! Eu disse a você que se nos víssemos novamente, você se tornaria cinzas e seu espírito serviria de alimento para as almas torturadas no rio de magma! Pelo visto você ignorou meu aviso, campeã!

Malak:

- Mantenha o reino em paz, faça o que for preciso. - foram as últimas palavras para Seeje antes de partir para a destruição do Oráculo. Aceitou a montaria oferecida, confiando em suas capacidades.

A lembrança do local de seu renascimento aliado ao transporte eficiente e rápido a levaram até o grande vulcão. Deixou sua montaria em local seguro e partiu a pé para o interior da montanha. O calor não a afetava, mesmo sendo mais forte que o presente em seu reino e outras áreas de Firelands. O caminho percorrido teve alguns obstáculos, todos facilmente enfrentados por ela.

Parou diante do rio de lava e, ao lembrar-se de como havia renascido, entrou sem hesitar. Atravessou-o sem dificuldades, sentindo o punho da fênix perturbando-a com a vibração ocasional e emanação de energia. Ao chegar ao altar, Malak deixou o rio, com a lava escorrendo em finos filetes por sua pele e rosto, até que estivesse quase seca.

- Que surpresa, não?? O que acha de servir você de alimento para essas pobres almas. Estou mesmo muito pouco satisfeita com o que fez comigo, ahn? - mostrou a ele o Punho da fênix - Essas algemas não me agradaram e vim aqui retirá-las, mesmo que custe a sua vida. - começava a concentrar poder, pouco a pouco, em suas mãos.

Narrador:

O sorriso irônico sumiu do rosto do velho. Ele se virou para Malak, intrigado. Apesar de ser cego, ele se guiava facilmente por outros sentidos, além, é claro, de seus poderes. Ele respondeu então:

- Espere! Como você sabe disso?! Ohh... Lord Pyron lhe enviou para me destruir?! Eu sempre cumpri as ordens dele, como ele é capaz de fazer isto?! Não, não... Isto está errado! Não foi isto que as cartas disseram!

O velho desceu do altar então e em cima do outro ao lado estavam dispostas quatro cartas. O velho balbuciava para ele mesmo, como que tentando encontrar a falha em sua própria lógica:

- Você retirou quatro cartas, quatro pilares, uma para cada pilar. A carta O Tolo representava seu potencial. A Estrela mostrava como outros a seguiriam e a apoiariam em momentos críticos. O Enforcado significava a mudança radical de sua antiga vida para esta. E a última, A Imperatriz, representava você... E uma outra mulher. Outra mulher... Havia duas! Arrgghh!! - O velho soltou um grunhido de raiva, passando a mão pelo altar e jogando as cartas ao chão. Depois se virou para Malak novamente:

- Existe uma outra mulher envolvida, não é?! Não importa agora! Eu avisei que seria destruída se retornasse até aqui e é isto que acontecerá com v... - Foi interrompido pelo golpe de Malak, que não esperava para atacar.

Malak:

Malak ainda tinha tempo de se divertir com a confusão do oráculo ao ouvir o que ela havia falado. Aproveitava aquele tempo para concentrar tanto quanto possível de energia em suas mãos, sem pressa em atingí-lo. Concentrava fogo, daquele mais poderoso que poderia conseguir, apesar de saber que o Oráculo era de… fogo. Paciência, era o que possuía para atacar.

- Sim, eu sei o que eu retirei. Apenas lamento ter sido tão tola a ponto de acreditar que estava de fato me ajudando, que me dava, através do punho, mais poder. Inocência, hm? - estava ainda parada no mesmo local, sentindo suas chamas mais fortes, mais agitadas. - Outra mulher? Se há outra mulher envolvida? Quem sabe?!

Não esperou que ele terminasse sua frase. Malak lançou uma enorme bola de fogo na direção do Oráculo, aliando a isso uma velocidade mais alta para que o impacto fosse maior.

Narrador:

Aquela enorme bola de fogo atingia o peito do Oráculo com toda força, que foi jogado para trás com o impacto. O corpo velho dele se espatifava contra o chão, suas correntes e outros objetos estranhos chacoalhando enquanto pendurados no pescoço e pulsos. Era como, literalmente, bater em um velho fraco e cego. Mas não seria assim por muito tempo.

- Mulher tola! Devia ter aceitado sua posição submissa à Lord Pyron e ficado quieta como campeã! Se não morrer pelas minhas mãos, não escapará de Pyron! Seu destino está selado, traidora! - O velho então gritou em raiva e seu corpo começou a se transformar. O poder do fogo o alimentava, o magma borbulhante ao seu redor era puxado por seu corpo e absorvido. Ao final da transformação, sua forma era a de uma criatura com três metros de altura. [ Imagem: ]

- Morra!! - Gritou a criatura em sua voz alterada e grotesca, correndo à toda velocidade na direção de Malak e desferindo um golpe com suas garras flamejantes no peito da campeã, visando corta-la.

Malak:

Havia um brilho de satisfação nos olhos de Malak assim que viu o que seu primeiro golpe havia causado. Talvez não seria mesmo muito difícil mas não era hora de desdenhar do poder alheio.

- Eu fui submissa! Eu fui omissa a tudo o que Pyron deixou de providenciar ao povo, de todas as alianças perdidas,  de toda a fome. De tudo o que ele negligenciou. E eu me cansei, velho cego. Estou aqui para te derrotar e me libertar!

Pouco depois de terminr sua fala, Malak conseguiu agilmente escapar do golpe do homem com apenas alguns poucos passos e movimento do corpo. Em retribuição imediata, criou com o fogo uma espada longa e afiada em seus dois lados, tentando dessa vez golpeá-lo para cortar sua cabeça.

Narrador:

Assim que Malak começou seu golpe, o Oráculo, em sua forma monstruosa, correu na direção da campeã para agarra-la. Os dois oponentes se encontraram no centro da formação rochosa sobre o rio de lava e um passou pelo outro como um raio. O vencedor seria rapidamente reconhecido, já que o Oráculo se ajoelharia e sua cabeça cairia para o lado, seguido de seu corpo monstruoso, que ficaria inerte ao chão.

Nada aconteceu a princípio e lentamente os efeitos da morte do Oráculo foram percebidos. A primeira coisa foi o brilho que emanava do Punho da Fênix. O bracelete começou a tremer violentamente e por fim se quebrou, fazendo um barulho ensurdecedor e emitindo grande quantidade de energia, que ecoava pelas paredes da caverna. A segunda coisa foi o corpo decapitado do Oráculo se dissolver em magma, que escorreu até o rio ao redor da formação rochosa. Embora Malak não pudesse mais perceber a presença dele, era de se imaginar o que havia acontecido: Teria ele virado lava literalmente, ou apenas retornado ao seu primeiro estado? O Oráculo voltaria? Era impossível saber. Malak tinha certeza de uma coisa: Por hora, ele não seria mais um obstáculo.

E, por último, o maior efeito e o mais esperado: A chama de toda Firelands parecia ser atraída por Malak. Cada fagulha e labareda de todo o reino eram absorvidas por Malak e ela sentia seu poder quase ilimitado. Sua chama ardia intensamente, como um astro luminoso. Suas correntes se quebraram. A chama de Malak ardia como deveria ter ardido desde o começo: Com intensidade máxima.

Malak:

Malak virou-se ainda em tempo de ver o Oráculo cair com a cabeça separada de seu corpo. Estava desconfiada ao extremo… Não esperaria ser tão fácil derrotar quem deu a ela todo o poder que possuía. Uma luta de dois golpes? De alguns poucos minutos? Mas não teve tempo de continuar pensando. Sua atenção voltou para o punho que em poucos segundos quebrou-se e emitiu toda aquela energia.

Alguns passos e o maior efeito finalmente havia sido notado. Toda aquela chama, tudo parecia ter sido atraído para ela. Olhou as próprias mãos e sentiu as chamas fortes e ardendo como deveria ter sido desde o começo. Olhou uma última vez aquela caverna e então deixou-a, apressada, até onde estava sua montaria. Queria voltar ao castelo, queria que Seeje soubesse o que havia acontecido, que soubesse que agora as chances de derrota de Pyron haviam aumentado drasticamente.

Com a rapidez que sua montaria era capaz, Malak retornou ao castelo. Deixou-a no pátio e entrou a passos largos no hall principal.

Narrador:

Antes mesmo de chegar ao castelo, Malak podia notar que havia algo estranho em Firelands. Algo estava diferente, mas ela não conseguia perceber exatamente o que era. Podia jurar que ouvira algumas vozes distantes, que vira rostos no rio de lava borbulhante abaixo de si enquanto voava de volta com sua montaria. Tudo isto poderia ser apenas um efeito colateral da grande quantidade de poder que seu corpo produzia no momento.

Ao se aproximar do castelo foi que a campeã percebeu que algo definitivamente estava errado. Havia soldados mortos na área ao redor do castelo. Ao pousar e investigar mais de perto, Malak viu que alguns corpos tinham o símbolo da campeã e outros tinham o símbolo de Pyron. A trilha de soldados mortos se estendia até o hall de entrada, cobrindo também as escadarias. Havia sinais de uma dura batalha, com armas espalhadas pelo chão, sangue, partes de paredes e pilares destruídas por magia. O castelo estava encoberto por um silêncio sepulcral e não havia nenhum sinal de Seeje ou Insinerahin. Malak podia vasculhar todo o castelo, gritar nomes ou investigar qualquer traço mágico. Não havia nada.

Malak então ouviria uma tossida brusca, que parecia muito alta em meio àquele silêncio, e vinha do único soldado sobrevivente naquele lugar. Era um dos homens de Pyron. O soldado não conseguia se levantar, apenas ergueu a cabeça para cuspir sangue. Não iria durar muito tempo, mas ainda respirava.


Malak:

A visão que já possuía de cima de sua montaria a deixava preocupada e apreensiva. Apressou a montaria, fazendo o percurso no menor tempo possível.

Desceu próximo ao castelo e correu por entre os corpos. Chamou por Seeje incessantemente, até perceber que não parecia haver ninguém ali, ninguém vivo. O que havia feito? Em que cilada havia caído???

Aquele que aproveitava seus últimos instantes de vida foi abordado por Malak, sem nenhuma delicadeza, ao ajoelhar-se ao lado dele e segurá-lo pelos ombros.

- O que houve??? O que aconteceu aqui???? Onde está Seeje?? O que houve???????

Narrador:

O soldado caído deu uma risada irônica, que foi cortada por uma tossida feia e mais sangue pela boca. Esforçando-se, ele disse então:

- Você está maluca, campeã? -cof- Ficou dias longe de seu castelo, abandonou seu exército e agora -cof- volta e pergunta o que aconteceu? Heh heh heh -cof-

O soldado fez uma expressão de dor. Ele não aguentaria por muito tempo. Ele disse então:

- Pro diabo, vou morrer mesmo... -cof- Nós viemos em peso... Pyron enviou quase tudo que tinha. Seu exército até que durou muito... -cof- Os prisioneiros de guerra foram levados... ....Até a fortaleza de... ...Pyron... - E o soldado deu o último suspiro, fechando os olhos.

Antes que Malak pudesse fazer qualquer outra coisa, ela notou algo estranho. Uma chama etérea saiu do corpo do soldado. Provavelmente era sua alma voltando para a Grande Chama. Os poderes de Malak permitiam a ela ver isto com clareza agora. Mas a alma continuou ali, sobrevoando o corpo, sem rumo, como se não tivesse para onde ir.

Malak:

- Dias??? - exclamou, soltando o corpo do soldado logo depois da tosse. Ouviu o relato breve com ódio crescente, deixando ali o corpo antes de se erguer.

Ainda observou um pouco confusa a alma sem rumo, sem voltar para onde deveria, como qualquer outra. Sentia ódio por Insinerahin, sentia-se traída e culpada por ter deixado seu povo indefeso, resultando em seu massacre. Malak não perder nem mesmo mais um segundo, voltando para sua montaria e, dali, seguindo direto para a fortaleza de Pyron.

Poderia morrer, mas morreria lutando pelo o que acreditava.

Narrador:

No caminho para a fortaleza de Pyron e observando o solo de sua montaria no alto, Malak notava mais diferenças no ambiente de Firelands. Ao longo de todo o trajeto ela encontrava sinais de batalha entre seus soldados e os de Pyron. Realmente parecia que dias haviam se passado, embora Malak tivesse se ausentado por, no máximo, uma hora na cova do Oráculo. A guerra entre os dois exércitos finalmente eclodira em todo o reino; A tensão tomava conta de Firelands.

Aliado a isto, o fenômeno observado anteriormente perdurava: Muitas almas em forma de chama etérea, milhares delas, vagando sem rumo, permanecendo onde não deveriam. Malak conseguia enxergar todas elas e elas também notavam a campeã. Nas áreas onde as almas ficavam em maior concentração, o ar parecia mais pesado. Havia uma sensação sobrenatural ali, uma sensação de algo errado, e qualquer pessoa mais fraca seria afetada por isto.

Até então Malak atravessara uma trilha de mortos. Só foi encontrar a primeira pessoa viva há alguns quilômetros da fortaleza de Pyron. De onde estava, no alto, Malak observava a imponente fortaleza do regente residindo no meio de um vale de lava borbulhante. Ao redor da fortaleza, centenas de milhares de soldados batalhavam. O exército de Malak havia cercado a fortaleza e tentava invadi-la, enquanto as forças de Pyron rechaçavam os invasores. Bestas gigantes flamejantes se degladiavam, criaturas aladas disputavam a supremacia do ar e os soldados batalhavam com ferocidade. O exército de Pyron ganhava em poder, mas as forças da campeã ganhavam em número. Malak podia notar que até mesmo flamejantes comuns como camponeses e ferreiros haviam se juntado à batalha.

Mesmo que Malak se mantivesse nas alturas e de forma discreta, não tardaria até que pelo menos um soldado a notasse. Rapidamente muitos outros seriam alertados e de repente um batalhão inteiro estava gritando que a campeã havia retornado. A própria presença de Malak proveu força adicional aos seus combatentes. Tomar a fortaleza, entretanto, ainda estava longe de acontecer, pois as forças de Pyron eram muito poderosas.

Malak:

As visões de tantos corpos, de tanta destruição e ainda almas perdidas a deixavam mais nervosa, quase neurótica. Além do medo da derrota de seu exército sem a presença da própria campeã, havia o medo de perder Seeje e aquilo de tão bom que havia sentido antes de partir. Aliás, aquelas aparentes horas eram de fato dias? Levou dias para derrotar o Oráculo com dois golpes?!

Malak não empenhou-se em se esconder. Sentiu orgulho em ver seu exército empenhado em sua vitória mesmo quando ausente e ainda mais em ver que até aqueles comuns, sem obrigação militar, estavam ao seu lado e arriscando-se por ela. Saudou brevemente aqueles que gritaram para anunciar sua presença, mantendo-se a alguma distância até que localizasse Seeje, Insinerahin ou qualquer um de seus espiões.

Havia chegado a hora de decidir seu futuro e de Firelands.

Narrador:

Antes que Malak se aproximasse mais do centro dos conflitos na fortaleza, um cavaleiro montando uma criatura alada se aproximou dela no ar. Parecia ser Seeje pelo formato da armadura, mas os olhos de Malak seguiam a tensão de sua mente e pregavam uma peça: Era apenas um dos cavaleiros da guarda pessoal do Mestre de Armas. O soldado se emparelhou à Malak no ar e gritou para a campeã:

- Senhora! O Mestre Seeje ordenou que eu ficasse para trás e entregasse uma mensagem assim que a visse! Ele tomou a frente do batalhão e adentrou a fortaleza! Ele disse para que lhe déssemos cobertura para que a senhora adentrasse a fortaleza diretamente! - O soldado fez uma pausa incomum e finalizou:

- Ele não duvidou que a senhora voltaria, nem por um segundo!

Malak:

Sentiu o coração bater mais forte e rápido com a aproximação de quem acreditou, por longos segundos, ser Seeje. Apesar da decepção ao perceber que era um de seus cavaleiros da guarda pessoal, Malak pôde sentir o alívio de saber que seu Mestre de Armas estava vivo. Ouviu-o com dificuldade por todos os sons de batalha mas concordou, havia entendido a mensagem. Após a pausa, entretando, Malak deu um sorriso meio de canto, olhando o soldado.

- Firelands só se livrará de mim quando eu morrer! Até lá, darei meu sangue por ela e Seeje sabe disso! - gritou de volta antes de olhar para a batalha em seguida. - Leve-me até dentro da fortaleza imediatamente!

Narrador:

Sim, Senhora! - Respondeu efusivamente o soldado. Imediatamente ele fez uma manobra, afastando-se de Malak, e se juntou aos outros cavaleiros alados, assumindo uma formação. Todos eles gritaram o nome de Malak antes de partir em carga contra as forças aladas de Pyron. O objetivo era distrair os inimigos para que Malak passasse direto até a fortaleza.

Todos os soldados ali sabiam o que aconteceria, mas nenhum deles hesitou. Dariam suas vidas por Malak porque eram flamejantes e honrados. Eles partiram contra as criaturas aladas e cavaleiros inimigos e muitos deles tombaram no primeiro impacto. A estratégia, entretanto, deixou o ar livre para Malak. Caso algum inimigo insistente fosse até ela, seria facilmente rechaçado pelo poder superior da campeã.

Ela poderia adentrar a fortaleza por cima, pois havia um largo terraço, e ir descendo, já que a entrada da fortaleza estava completamente congestionada por soldados dos dois lados. Não havia guardas ou nenhum outro tipo de resistência, pois estavam todos batalhando do lado de fora. Lá dentro, entretanto, Malak não sabia o que encontraria. Uma larga escada em espiral saía do terraço e levava até os andares inferiores.

A fortaleza era muito maior do que aparentava. Os corredores eram largos e estranhamente bem esculpidos na rocha do vulcão onde residia, mostrando que Pyron tivera uma preocupação desnecessária com a arquitetura do lugar e isto ficava mais evidente nos corredores repletos de estátuas com sua imagem. Quando não havia estátuas, os corredores eram decorados com as cabeças de inimigos do regente. Uma cabeça em particular chamaria a atenção de Malak. Era Azghr Emberfury, considerado traidor por Pyron há cerca de um ano atrás, acusado de atuar como agente duplo entre Firelands e Terânia.

O ar ali era pesado e Malak sentia seus efeitos, mesmo dotada de tanto poder. Apesar de não ver nenhuma alma vagante, a campeã sentia a aura sombria daquele lugar. Muitos flamejantes foram torturados naqueles corredores, incluindo inimigos de Pyron, pessoas inocentes, até mesmo pessoas de outros reinos. A única coisa que impedia o silêncio absoluto naqueles corredores era o barulho abafado de batalha que ocorria lá fora. O que era no mínimo estranho. Onde estava a batalha no lado de dentro? O caminho para baixo continuava sem nenhum soldado, monstro, nada. A julgar pelo estado em que se encontrava a fortaleza, as forças de Pyron se mobilizaram apressadamente quando o confronto começou.

Algumas passagens depois, Malak finalmente encontrava uma figura familiar. Estavam em um mezanino e a figura estava apoiada ao parapeito, observando algo nos níveis inferiores. A luz era precária, mas deixava à mostra o suficiente para que Malak reconhecesse a pessoa em questão. Era Insinerahin, com roupas rasgadas e suja de poeira e sangue. Devia ter acabado de sair do meio da batalha.

Malak:

Por aqueles soldados e por todos os outros flamejantes que morriam em batalha, por todos eles Malak sentia que precisava não apenas derrotar Pyron, mas também conseguir com que fossem todos esses mortos de volta para a Grande Chama. Era o mínimo a fazer por quem dava a vida por ela sem qualquer mínima hesitação. Era o mínimo… Com o auxílio dos devotados soldados Malak foi capaz de chegar em segurança até o terraço, onde deixou sua montaria.

Descia com cuidado extremo até perceber que estava tudo vazio, a não ser por tantas estátuas de Pyron. Chegou a bufar, irritada com tamanho narcisismo enquanto Firelands passava fome e outras necessidades tão importantes. Não merecia o posto que ocupava.

- Azghr… - murmurou ao ver a cabeça do ex-campeão. Arqueou discretamente as sobrancelhas, esperando que seu poder fosse suficiente para derrotar Pyron ou terminaria ela mesma ali, adornando as paredes daquele castelo.

O silêncio e o ar pesado do castelo a afetavam apesar dos esforços para não ser tão prejudicada por isso. Suas sobrancelhas foram franzidas assim que reconheceu a figura que estava de pé, observando o que acontecia logo abaixo. Aproximou-se até estar a quase 3 metros da assassina, interrompendo os passos por ali.

- Insinerahin… Por que não me surpreendo em vê-la aqui, apenas observando? Tão… tranquila?

Narrador:

- Malak! - Disse a assassina, sussurrando parcialmente. Devia estar escondida ali, mas do quê? Insinerahin se aproximou dela e agora, sob uma luz um pouco mais forte, Malak observava um cinto de couro ao redor da cintura da assassina, contendo bolsos individuais para poções e ingredientes. Muitos dos frascos estavam quebrados e os bolsos furados. Era o cinto que Sigmund sempre usava. Ela continuou:

- Malak! Sou eu, Sigmund! É muito bom ver que está de volta! Seeje havia me dito que você foi enfrentar o Oráculo, mas ninguém sabia que você demoraria dias para isto! Eu fiquei aqui infiltrado na fortaleza de Pyron e soube do ataque que eles fariam, mas não consegui avisar Seeje à tempo! Um dia depois, seu exército tentou invadir este território e a batalha já dura várias horas. Algo aqui interfere em meu poder, eu não consigo me transformar de volta por nada neste mundo!

Malak:

Respirou um pouco mais aliviada ao perceber que aquele era Sigmund em seu disfarce. Talvez mais tarde passasse a questionar onde estava a real Insinerahin ou qual havia sido a participação dela nesse ataque. Malak franziu a testa ao ouvir sobre o tempo que teria levado para derrotar o Oráculo.

- Dias? Eu levei horas no máximo! Foi rápido, muito rápido… - as mãos passaram pelos cabelos enquanto ela se aproximava de onde Sigmund estava, para observar os andares abaixo. - Onde está Seeje? E Pyron? Quero terminar com isso hoje. De vez. E sim, Sigmnd, tem algo muito errado em toda Firelands. Os mortos não estão retornando à Grande Chama, estão todos vagando sem rumo! Temo que Insinerahin tenha armado algo...